segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Real Cura. (O cuidar dos doentes e dos profissionais da saúde).

                                                                           
                  
  Hoje, os hospitais não se preocupam, como antes, com uma procura sagaz pela cura: a preocupação da atualidade está em proporcionar aos pacientes um tratamento mais humanizado.

  É inevitável falar, quando pensamos em tratamento humanizado, de Elizabeth Kübler-Ross, grande médica Suiça. No século XX, época em que viveu, era proibido, na medicina, informar ao paciente de que sua vida estava prestes a acabar. Do contrário, o médico seria considerado um profissional fracassado. Na mesma época, os pacientes terminais eram, no fim de suas vidas, abandonados em uma sala fria, com uma lâmpada acesa sobre eles e ausência de familiares, ou seja, eram isolados. Elisabeth, impressionada com tudo que vira, questionou tais procedimentos, e sua decisão tomou um rumo bastante diferente: foi uma médica que não teve medo de falar aos seus pacientes sobre seus reais estados clínicos, fez palestras para seus alunos de medicina onde seus pacientes contavam-lhes seus sonhos e desejos, e Elizabeth, através destas palestras, tinha o intuito de trazer um tratamento mais humanizado: será que estes pacientes mereciam, em seus últimos instantes, o tipo de tratamento que até então tinham? ( Quem tiver mais curiosidade em saber mais sobre a autora acima mencionada, basta ler " A Roda da Vida", livro que relata sua vida).
   Na atualidade, há profissionais que cuidam não só do paciente, mas da família e dos profissionais, ou equipe, que cuidam deste paciente: os psicólogos. É um processo que proporciona bem estar para todos. Às crianças, quando doentes, estes profissionais tentam, de forma lúdica e através de brinquedos, proporcionar-lhes a concientização de suas doenças. É importante enfatizar que cada um deve ser tratado de forma particular, onde observa-se a angústia tanto da criança quanto dos que são responsáveis por ela, para que haja um tratamento adequado. Outro aspecto importante é o tratamento para com os pacientes que são submetidos ao tratamento paliativo. Mesmo com o avanço tecnológico, há uma preocupação em falar com o paciente sobre a possibilidade de morte, pois há a grande procura pela cura. Surge, aqui, os "cuidados paliativos" que objetivam uma melhoria na qualidade de vida dos pacientes e seus familiares através da prevenção e alívio do sofrimento, do tratamento da dor e outros sintomas físicos, psicológicos e espirituais. A qualidade de vida, autonomia, dignidade passam a ser prioridade: há uma equipe que visa ajudar os pacientes na adaptação às mudanças de vida, e promover reflexão para o fundamento desta condição.
    Os profissionais também necessitam de cuidados, pois estão expostos à exaustão psíquicas por causa do contato direto com o sofrimento e a morte. Estes profissionais desviam seus pensamentos e tempo do cuidar de si próprio. Como consequência, há muitos casos de abuso de álcool e drogas, conflitos existenciais, distúrbios de humor, além de uma síndrome chamada "Burn-out" que é uma erosão psicológico decorrente de uma exposição por longos períodos a um tipo de estresse. O profissional de saúde cuida mesmo não estando no seu local de trabalho, pois não deixa de ser visto como profissional capaz de cuidar dos outros. Por esses motivos, este profissional é visto como alguém imune às mazelas de um indivíduo comum, resistente às doenças, que não precisa de lazer. e sempre o buscam para tirar dúvidas sobre remédios e exames. Tem que haver consciência de que este tipo de profissional não está permanentemente à disposição do sofrimento, da dor, da angustia...
   É importante haver espaços que cuidem da saúde mental dos profissionais que atuam na área de saúde para prevenir situações de esgotamento emocional, incluindo o tema de prevenção às drogas: tabagismo, outras drogas que exigem o afastamento destes profissionais. Nos casos de afastamento por transtornos psiquiátricos, há uma necessidade de acompanhamento psicológicos para a readaptação do profissional.
    Todos estes trabalhos têm um bom desempenho quando trabalhado em grupo, pois o grupo amadurece, aprende a lidar com conflitos do dia a dia, minimizando o impácto das tensões comuns no ambiente de cuidado.
    Elisabeth ficaria feliz por seu objetivo inicial ter dado um grande passo.


 Ir. Filipe, OSB

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